O futuro incerto dos botos da Amazônia

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Moro neste vale há 40 anos e esta é a pior seca que já experimentei nos botos.

“É terrível ver tal reação, a má notícia é que a situação piora a cada ano.

Carlos é um construtor de barcos que mora em uma casa-barco, muitas vezes feita de madeira ou metal, às margens do Lago Tefé, no estado de mesmo nome, na região amazônica.

Sua família imagina um lugar mais seco quando se muda após uma seca.

Afinal agora toda a natação é feita em terra.

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“Olha como a maré está chegando aqui.

Sendo assim esta seca durou cerca de 30 dias, o que aqui não acontece”, lamenta.

Para iniciar a obra, Carlos teve que elevar o nível da água.

Rios e lagos recuam, os barcos param de navegar.

O navio desaparecido é um lago construído no rio Tefé, que está inativo há mais de dois meses e tem nível de água superficial de 4,54 a 13,5 metros próximo ao rio Solims, que é o pior deste ano.

No local do acidente, foi em junho, início do inverno, quando atingiu 18 metros (gráfico abaixo).

Além disso, com pouquíssima água sobrando por conta do frio, 69% dos municípios amazônicos passarão por secas mais severas até 2023, um aumento de 56% em relação ao mesmo período do ano passado.

O boletim Seca do Amazonas 2024, divulgado pelo governo do estado, afirma que as enchentes afetaram mais de 850 mil pessoas e que todos os 62 municípios estão em crise.

Nas águas, uma tragédia anunciada nos botos

Segundo cientistas do Instituto Mamirau, 209 golfinhos-nariz-de-garrafa (Sotalia flubiatilis) e golfinhos com chifres (Inia geofrancis) foram capturados no Lago Temi entre outubro e setembro de 2023.

Só no dia 28 de setembro, 70 corpos foram encontrados na área ao redor do lago.

Mortalidade sem precedentes para esta espécie.

Afinal as temperaturas ultrapassam os 40 graus Celsius na maior parte do ano.

Segundo a Fundação Mamilau, o Lago Tefé possui 900 porcos e 500 smokings.

Afinal a uma taxa de apenas 5% ao ano, a perda de 200 animais desta população seria um acontecimento significativo.

80% dos animais mortos este ano eram golfinhos brancos.

Dois golfinhos amazônicos estão na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o que os torna a segunda espécie mais importante.

O ICMBio e o Instituto Mamirau planejam investigar novamente o assunto em 2024.

“A avaliação continua sendo um problema”, disse Miriam Marmontelli, diretora do Grupo de Pesquisa sobre Inundações na Amazônia do Instituto de Pesquisa da Amazônia.


Fonte de informação: brasil.mongabay.com