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Em 24 de agosto de 2006, o Sistema Solar e Plutão foi marcado por uma mudança significativa que gerou discussões, controvérsias e até sentimentos de nostalgia.
Nesse dia, a União Astronômica Internacional (IAU) anunciou que Plutão, até então considerado o nono planeta do Sistema Solar, deixou de ser classificado como tal.
Em vez disso, Plutão foi reclassificado como um “planeta anão”.
Essa decisão abalou a comunidade científica e também muitos dos que cresceram com a ideia de que Plutão era um planeta.
Mas afinal, por que Plutão deixou de ser considerado um planeta?
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Para entender essa mudança, é necessário examinar o que constitui um planeta e como as novas descobertas ajudaram a redefinir essa categoria.
O contexto da descoberta de Plutão
Plutão foi descoberto em 1930 por Clyde Tombaugh, um astrônomo do Observatório Lowell, no Arizona. Durante quase 76 anos, Plutão foi considerado o nono planeta do Sistema Solar.
Embora pequeno e distante, ele foi tratado como um planeta ao lado de Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
Sua órbita excêntrica e inclinada, que o levava em alguns momentos mais perto do Sol do que Netuno, não parecia ser um grande problema na época.
Contudo, a partir das últimas décadas do século XX, novas descobertas começaram a mudar a forma como entendíamos o Sistema Solar e, eventualmente, a classificação de Plutão.
A definição de planeta
Para entender a reclassificação de Plutão, é necessário primeiro compreender como a ciência define um planeta.
Em 2006, a IAU estabeleceu uma definição oficial que estipula que, para um corpo celeste ser considerado um planeta, ele precisa atender a três critérios:
- O corpo deve orbitar o Sol.
- O corpo deve ter massa suficiente para que sua gravidade o molde em uma forma quase esférica.
- O corpo deve ter “limpado” sua órbita de outros detritos.
Esses três critérios, embora pareçam simples à primeira vista, são fundamentais para a definição de um planeta.
A primeira condição, de orbitar o Sol, exclui muitos corpos menores, como cometas e asteroides, que podem estar em órbitas diferentes.
O segundo critério, de ter uma forma esférica, está relacionado à gravidade do corpo, que deve ser forte o suficiente para que ele atinja uma forma arredondada.
Esse critério já exclui muitos asteroides irregulares, por exemplo.
Já o terceiro critério, o mais controverso, exige que o corpo tenha “limpado” a sua órbita, ou seja, deve ser gravitacionalmente dominante na região onde orbita, não permitindo que outros corpos de tamanho similar compartilhem sua órbita.
Foi justamente este terceiro critério que fez com que Plutão fosse reclassificado.
A descoberta de outros corpos semelhantes a Plutão
Nos anos que se seguiram à descoberta de Plutão, astrônomos começaram a encontrar outros objetos na região além de Netuno, conhecida como Cinturão de Kuiper.
Esses objetos, chamados de “transnetunianos”, eram em muitos casos semelhantes a Plutão em tamanho e características.
Em 2003, foi descoberto Eris, um corpo celeste que, em alguns momentos de sua órbita, está mais distante do que Plutão, mas que, em termos de tamanho, é até maior que ele.
A descoberta de Eris e outros corpos semelhantes levou os cientistas a reavaliar se Plutão deveria realmente ser classificado como um planeta.
Esses objetos do Cinturão de Kuiper são compostos principalmente de gelo e rocha, e muitos deles têm características e órbitas que se assemelham à de Plutão.
Acontece que, ao contrário dos planetas clássicos, esses corpos não possuem a “dominação gravitacional” sobre sua região orbital, já que suas órbitas são compartilhadas com outros corpos de tamanhos semelhantes.
Nesse contexto, Plutão começou a ser visto mais como um “representante” de uma nova classe de corpos, em vez de um planeta tradicional.
A decisão da União Astronômica Internacional
Diante dessas descobertas e da necessidade de criar uma definição mais clara de planeta, a IAU decidiu, em 2006, redefinir o que caracteriza um planeta.
Segundo os novos critérios, Plutão não satisfazia o terceiro requisito, de “limpar” sua órbita.
Isso porque ele compartilha sua trajetória com outros objetos do Cinturão de Kuiper, como Eris, Haumea e Makemake, que são do mesmo porte ou até maiores.
Assim, Plutão foi reclassificado como um “planeta anão”, uma categoria criada especialmente para incluir esses corpos menores que orbitam o Sol, mas não dominam sua região orbital.
Para muitos, a reclassificação de Plutão representou uma perda simbólica.
Afinal, Plutão foi considerado um planeta durante quase 80 anos e, para muitas gerações, sua inclusão no Sistema Solar era uma verdade científica imutável.
O anúncio da IAU gerou críticas e questionamentos, especialmente entre astrônomos e astrônomas que defendiam a manutenção de Plutão como um planeta, argumentando que a nova definição era arbitrária e não levava em consideração o significado cultural e histórico de Plutão.
Conclusão
Plutão deixou de ser considerado um planeta não por capricho.
Com o avanço da ciência e da astronomia, ficou claro que ele não atende a todos os critérios necessários para se manter nessa categoria.
No entanto, sua reclassificação não diminui sua importância.
Pelo contrário, ela nos lembra de que a ciência está sempre em movimento, adaptando-se às novas descobertas e buscando entender cada vez mais o universo.
Continua a fascinar e a inspirar, seja como planeta anão, seja como símbolo de nossa curiosidade infinita.
Fonte de informação: blogdaciencia.com